O desejo sexual muda muito nas diferentes fases da gravidez. No primeiro e no terceiro trimestres, há uma diminuição do desejo e da atividade sexual. No segundo trimestre, há um aumento do apetite sexual das mulheres.
Não há como negar que a chegada de um bebê altera, e muito, a rotina de qualquer casal. Em muitas vezes, as mudanças começam ainda no período da gestação. A expectativa com a chegada de um novo integrante na família, as mudanças hormonais e físicas da mulher, as dúvidas e as angústias são alguns dos fatores que influenciam a vida sexual dos futuros pais. De acordo com a ginecologista Rosa Maria Neme, o desejo sexual muda muito nas diferentes fases da gravidez. No primeiro e no terceiro trimestres, há uma diminuição do desejo e da atividade sexual. No segundo trimestre, há um aumento do apetite sexual das mulheres. “Só que nessa fase, em geral, os próprios parceiros têm receio em ter relações, por medo de machucar o bebê. Porém eles precisam ser informados de que não há perigo algum em ocorrer qualquer problema se tiverem relações sexuais com suas mulheres, desde que não haja contra-indicações médicas. Além disso, os casais podem ter relações sexuais até a fase do parto, contanto que a gestante não se sinta incomodada pelo peso da barriga”, explica.
Mas, geralmente, depois que o bebê nasce os “problemas” relacionados ao sexo ficam mais evidentes. Afinal, quem consegue pensar “naquilo” ficando noites sem dormir, tendo de amamentar de hora em hora? Os primeiros meses são realmente difíceis, já que a adaptação a essa nova vida leva certo tempo. E por falar em tempo, esse sim “desaparece” da noite para o dia. Com isso, deixamos tudo de lado para cuidarmos do (a) pequeno (a) rebento (a) e, quando sobra “aquele” tempinho precioso, só pensamos em… descansar e dormir!
Sendo assim, a sexualidade fica naturalmente de lado. “Isto é normal acontecer, principalmente com as mulheres que amamentam. O hormônio que estimula a formação e a ejeção do leite da mama diminui a produção de testosterona no corpo da mulher, reduzindo, consequentemente, a libido. Além disso, a mulher, após o nascimento do bebê, tende a ficar mais cansada pelo ritmo de vida diferente”, revela Rosa Maria Neme.
Segundo a ginecologista e sexóloga Ângela Carvalho, este momento não é fácil para o casal, especialmente para a mulher. Ela aconselha que o parceiro participe dessa rotina, pois, assim, poderá compreender melhor essa fase de grandes mudanças e terá a oportunidade de ajudar e participar da vida do bebê. “Quando a nova mamãe tem a colaboração e a compreensão do companheiro, terá melhores condições de administrar o pouco tempo que lhe resta disponível”, diz.
Entretanto, é importante que ambos, principalmente o parceiro, compreendam que a falta de libido da mulher ocorre em função da alteração hormonal. “Idealmente isto deve ser abordado pelo médico obstetra na frente do marido, mostrando que não se trata apenas de uma “má vontade” da mulher em ter relações e que o problema é realmente fisiológico. Além disso, a mulher deve conversar com o parceiro sobre isto”, ressalta Rosa Maria Neme.
Para a sexóloga Ângela Carvalho, esse entendimento deverá ser buscado desde a gestação, com participação do casal nos cursos de gestante, leituras e muito diálogo. “O marido envolvido com a gestação compreenderá melhor essas mudanças”, analisa.
Por isso, se seu parceiro está desesperado para saber quando irá terminar esse período de “secura”, pode tranquilizá-lo. Normalmente, tudo tende a melhorar quando a mulher para de amamentar. “A paciência é a alma do negócio. O retorno à vida sexual estará permitido depois de 40 dias do nascimento do bebê e deverá ser gradativo, com romantismo, carinho e planejamento do momento ideal para as relações. Fazer sexo, quando o bebê mamou há duas horas, será frustrante, pois, com certeza, haverá choro de fome durante o ‘ato’, o que acabará com a excitação de ambos, mas especialmente da mamãe”, adverte a sexóloga. E complementa: “Além do que já mencionei, é importante evitar perder tempo com programas de televisão, com o uso de computador ou na arrumação de casa. Quando o bebê dormir é hora de relax; muitas vezes um banho junto é excitante, e nem sempre há necessidade de as carícias terminarem em penetração. Vale aproveitar esses momentos para  trocar carinhos e palavras de sedução”.
Rosa Maria Neme observa ainda que, para tentar resolver este problema, é possível recorrer a medicamentos naturais que podem ajudar na elevação da libido e praticar exercícios físicos, que melhoram a sensação de cansaço e aumentam um pouco a produção da testosterona.